Água consumida em Caetité (BA) está contaminada por urânio, denuncia Greenpeace

Estudo realizado pelo Greenpeace indica que a população de Caetité, no sertão da Bahia, está exposta a altos níveis de contaminação por urânio devido à existência de uma mina gerenciada pela estatal Indústrias Nucleares Brasileiras (INB) na região. Cerca de 3 mil pessoas vivem na área de influência direta do empreendimento.

Durante oito meses, pesquisadores da ONG analisaram documentos oficiais e amostras de água de poços, nascentes naturais e do solo da região. Em uma das amostras de água usada pela população para beber, a concentração de urânio encontrada foi de 0,110 miligramas por litro, sete vezes o limite estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 0,015 miligramas por litro. Em outra, retirada de uma torneira, a concentração foi duas vezes maior que a recomendada pela OMS. Ambas as coletas foram feitas na Vila de Juazeiro, a oito quilômetros da mina.

O Greenpeace também cita um estudo realizado pela pesquisadora Geórgia Prado, da Universidade Estadual de Santa Cruz, em Ilhéus, em 2007. Ela analisou dentes extraídos em procedimentos odontológicos de moradores da região e detectou 25 vezes mais urânio que o encontrado em dentes de habitantes da região metropolitana de São Paulo e 100 vezes mais que o da média mundial.

Pesquisas indicam que a ingestão crônica e contínua de água com urânio leva à concentração desse metal pesado no esqueleto, na medula óssea e nos rins, o que estaria relacionado à incidência de câncer.

O relatório com os resultados foi encaminhado nesta quinta-feira para o Ministério Público Federal da Bahia, para que seja feita uma investigação independente e que se saiba exatamente qual a gravidade da contaminação e a melhor solução para o problema. “Também encaminhamos um pedido ao INGA – Instituto de Gestão das Águas, do governo da Bahia, para que a licença de uso da água pela empresa seja suspensa até que o problema seja resolvido”, afirma Rebeca Lerer, representante da ONG.

Lerer ressalta que o setor nuclear planeja duplicar a capacidade produtiva da INB de 400 para 800 toneladas de concentrado de urânio (chamado de yellow cake) para atender a demanda de combustível com a construção de Angra 3. (Fonte: UOL – Ciência e Saúde)

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